A Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) vem, por meio desta, orientar quanto à multifatorialidade do suicídio, cuja ocorrência não pode ser associada à causa única. Nesta direção, é inadequada a afirmação de que “a culpa do suicídio é da família”.
Falas como essa são um desserviço irresponsável e antiético que em nada contribuem para a luta em prol da prevenção e posvenção do suicídio, uma causa necessária diante dos dados epidemiológicos registrados no Brasil.
O suicídio é um fenômeno comprovadamente multifatorial e multideterminado, em que diversos fatores predisponentes e precipitantes se articulam de forma complexa, de modo que é impossível atribuirmos sua causa a um único fator. Fazer isso acarreta em repetir a ideia linear, imediatista e limitada sobre uma causa de amplitude significativa.
A ABEPS manifesta solidariedade às famílias e pessoas afetadas pelas perdas por suicídio e que, agora, foram novamente impactadas por esse tipo de fala irresponsável. Também manifestamos nosso apoio à nota de repúdio assinada pela Associação Brasileira dos Enlutados por Suicídio (ABRASES). Importante nesse momento de dor e sofrimento que as famílias encontrem compaixão e empatia, assim como acolhimento e cuidado adequados.
Reforçamos ainda que falar sobre suicídio exige respaldo teórico técnico-científico aprofundado, ético e responsável e, portanto, sugerimos que as pessoas não abordem tal temática sem que estejam devidamente pautadas em evidências suficientes para sustentar suas manifestações sobre o tema.
Se você se sentiu afetado de alguma forma por falas como essa, busque ajuda especializada. Você pode encontrar ajuda por meio de canais como o Centro de Valorização da Vida (CVV) (https://cvv.org.br/) ou Mapa de Saúde Mental (https://mapasaudemental.com.br/).
Por fim, reiteramos a importância do fortalecimento de ações em prol da prevenção e da posvenção do suicídio, nos âmbitos público e privado, a fim de oferecer informações adequadas e pautadas em conhecimento técnico-científico de qualidade, buscando romper mitos e concepções errôneas e que podem provocar danos acentuados sobre este fenômeno extremamente complexo.
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